quinta-feira, 4 de julho de 2013

Por que estudar Filipenses

Razões Por que se Deve Estudar Filipenses

A busca da "tranquilidade" está sempre ativa - e com que impulso! Para se conseguir a paz de espírito, só os norte-americanos consomem toneladas de tranquilizantes. Não só recorrem às drogas, mas também buscam alívio nos livros. Estes têm-se transformado em best-sellers da noite para o dia, alcançando, numa só tiragem, centenas de milha­res de exemplares. Os que os leem são induzidos ao processo de lava­gem cerebral, e começam o dia dizendo a si mesmos:
"Que manhã maravilhosa é esta! Que pessoa (ou esposo) excep­cional eu tenho! Que filhos encantadores! Que lanche saudável e deli­cioso me aguarda! Que patrão simpático eu tenho em meu trabalho!"
Tais "pacificadores", porém, podem fazer mais mal que bem. Eles suscitam as seguintes objeções:
Primeiro, sempre que a suavização da mente deixa de ser compatí­vel com a realidade, a paz de espírito que daí resulta deixará de ter um efeito duradouro.
Segundo, de todos, o mais obstinado é o pecado. Nenhuma quanti­dade de estímulos ou "pensamentos positivos" é capaz de removê-lo.
Terceiro, a única paz que merece tal nome é a paz com Deus, e esta não pode ser manipulada.
Quarto, os que confiam em tranquilizantes, sejam livros ou com­primidos, podem estar partindo da falsa pressuposição de que o desas­sossego espiritual ou o conflito interior é um mal em si mesmo. Mas, com certeza, é muito melhor encarar a realidade de frente do que ten­tar escapar-se dela. A fuga nos leva à apatia espiritual. Confrontar os próprios fatos é o único caminho que nos leva à "paz com Deus, que excede todo o entendimento."
Ora, se alguém deseja saber como se pode obter esta paz ou tranquilizante real, tanto de coração como de mente, deve então buscá-la naquela epístola que contém precisamente a expressão que foi citada acima (Fp 4.7). Esta pequena gema de quatro brilhantes capítulos projeta a figura de um homem que descobriu a verdadeira paz. Ele descobriu o tesouro mais precioso de toda a vida. Ele é "o homem mais feliz do mundo". Ouvimo-lo dizer, nesta epístola: "Regozijem-se sempre no Senhor. Outra vez lhes digo: Regozijem-se."
"Digo isso não por causa da pobreza, porque aprendi a viver con­tente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. Recebi tudo, e tenho em abundância; estou suprido ..." (4.11-13,18).
E este homem que aprendera o maior segredo da vida era um pri­sioneiro em Roma, olhando de frente sua possível morte por execução!
Portanto, as razões porque se deve estudar a epístola aos Filipenses sãos as seguintes:
1.        Ela nos revela o segredo da verdadeira felicidade. E como tal felicidade pode ser alcançada está claramente expresso nesta carta.
2.        Ela nos revela o homem que descobriu o segredo. Filipenses é a mais pessoal de todas as epístolas de Paulo. Esta característica se en­trevê também em 2 Coríntios, em 1 Tessalonicenses e em Filemom. Contudo, em nenhuma delas vemos a personalidade real de Paulo, abrin­do seu coração para aqueles a quem ele ama profundamente.
3.        Ela nos revela o Cristo que ensinou o segredo. E aqui (em Fili­penses) que conhecemos a Cristo como nosso Padrão e Ajudador, na grandeza de seu amor condescendente (Fp 2.5-11; 4.13).


Que coração maravilhoso, que personalidade rica e multilateral era a de Paulo. Vemo-lo, antes de tudo, como um servo feliz de Cristo Jesus: "Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus ... Dou graças a meu Deus por tudo que recordo de vocês, fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vocês, em todas as minhas orações ..." (Fp 1.1,3,4).
Logo em seguida, o vemos como um prisioneiro otimista (prisio­neiro do Senhor, é claro!): "Quero ainda, irmãos, cientificar-vos que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho ... e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas ..." (Fp 1.12,14).
Mais tarde, o vemos como um humilde portador da cruz: "... mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mes­mo. Tenham em si o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus ... a si mesmo se humilhou ... Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço de sua fé, alegro-me e com todos vocês me congratulo" (Fp 2.3,5,7,17).
Depois o vemos como um administrador solícito: "Espero, po­rém, no Senhor Jesus, mandar-lhes Timóteo o mais depressa possível, a fim de que me sinta animado também, tendo conhecimento de sua situação. No entanto, Julguei necessário enviar-lhes Epafrodito, por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro, seu mensageiro e seu auxiliar em minhas necessidades" (Fp 2.19,25).
Então o vemos como um idealista infatigável (e nesse sentido um perfecionista): "Não que eu o tenha já recebido, ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus ... mas uma coisa faço, esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3.12-14).
E ainda o vemos como um pastor de tato: "Rogo a Evódia, e rogo a Síntique que pensem concordemente, no Senhor. ... peço que as au­xilie, pois juntas se esforçaram comigo no evangelho ..." (Fp 4.2,3).
E finalmente o vemos como um recipiente agradecido: "Todavia, vocês fizeram bem, associando-se em minha tribulação. Recebi tudo, e tenho fartura; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que veio da parte de vocês, como aroma suave, como sacrifício acei­tável e aprazível a Deus" (Fp 4.14,18).
Dois itens a mais devem ser acrescentados, na mesma conexão: Primeiramente, as diversas facetas da rica personalidade de Paulo, os múltiplos campos em que ela se desenvolve, coincidem. Nenhuma de­las pode separar-se de nenhuma das outras. O mesmo homem que es­creve como um servo feliz de Jesus Cristo é também o prisioneiro oti­mista, o humilde portador da cruz, etc. Portanto, na disposição do con­teúdo da epístola, o nome pelo qual Paulo é caracterizado, seja qual for a seção, não é feito de maneira rígida, mas simplesmente de maneira enfática.
Em segundo lugar, do princípio ao fim nossa atenção precisa con­centrar-se não apenas na pessoa de Paulo, isoladamente, mas conside­ra-la em relação com seus mui amados filipenses. Tenhamos presente zcomunhãol
Assim entendido, o conteúdo desta carta genuína pode ser suma-nada como segue:
O apóstolo Paulo derrama seu coração sobre os filipenses, a quem elogia de maneira sublime e ama de modo profundo.


Extraído de HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento - Efésios e Filipenses. São Paulo: Cultura Cristã, 2005, páginas 353, 354, 396, 397.

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