segunda-feira, 20 de maio de 2013

A EBD e a Família


A EBD e a família, uma parceira de contribuição mútua.

Carlos Kleber Maia

A Escola Bíblica Dominical (EBD) é uma oportunidade única de estudar a bíblia, aplicando-a à vida pessoal e com uma mensagem adequada a cada faixa etária. É, por isso, um instrumento de crescimento espiritual para toda a família. Os filhos precisam de alimento espiritual, tem de ser ensinados nos caminhos do senhor e instruídos no caráter cristão, precisam aprender que toda a vida deve estar centrada em Deus e os pais tem um papel importantíssimo no acompanhamento da vida espiritual dos filhos. Família e EBD têm uma meta em comum: formar cristãos maduros e produtivos para honrar e servir a Deus. Esse fato tece laços profundos entre as duas instituições, favorecendo a troca de informações e ajuda mútua.
Nos dias atuais, a família tem “terceirizado” para a EBD o encargo de ensinar aos seus filhos as verdades espirituais e acredita que os mestres contagiem valores morais e comportamentais, alegando que os pais trabalham cada vez mais, e não tem tempo para zelar dos filhos. A família, contudo, não pode fugir a esta responsabilidade, pois Deus delegou aos pais a tarefa de ensinar aos filhos a Sua Palavra (Dt 6.6,7; Sl 78.5).
Portanto, é uma obrigação e não uma opção dos pais dar aos filhos a instrução e a disciplina condizente com a formação cristã (Ef 6.4). Os pais devem ser exemplos de vida e conduta cristãs, e se importar mais com a vida espiritual dos filhos e não apenas com seu emprego, profissão, trabalho na Igreja ou posição social; não que estes sejam menos importantes, mas é preciso reconhecer-se a importância da formação do caráter dos filhos, durante toda a vida destes. Uma conduta genuinamente cristã reflete na constituição de um caráter coeso com os padrões de moralidade, mesmo que esses padrões sofram alterações ao longo do tempo. A família deve, então, cooperar com a EBD na instrução de seus pequenos, numa interação abençoada e abençoadora.

Funções da família nesta interação:

1.       Estímulo – Cabe aos pais estimular os filhos a frequentarem a EBD, e a melhor maneira de fazer isto é dando o exemplo (Fp 4.9). A criança que acompanha os pais à EBD desde pequena será estimulada a continuar quando crescer (Pv 22.6). Os pais que não vão a EBD cometem duplo erro: deixam de progredir como deveriam na vida cristã e deixam de dar o exemplo a seus filhos. Se os pais faltam ou se atrasam, os filhos os acompanham, geralmente. Por isso, devem esforçar-se para ser pontuais e frequentes na EBD.

2.       Valorização – Os pais ensinam os filhos a valorizar a leitura e o estudo da Bíblia, a respeitar seus professores e colegas e a fazer, durante a semana, a preparação para as aulas. Os pais devem interessar-se pelo que os seus filhos estudaram, o que é que aprenderam, o que é gostaram mais. Devem ajudar seus filhos durante a semana, nas leituras da bíblia, no estudo da lição, na aprendizagem dos versículos e nas tarefas de aplicação bíblica, bem como ensinar os seus filhos a orarem pelos professores da EBD e a ter amor pela igreja. Os pais devem considerar a EBD como uma escola importante para o desenvolvimento espiritual e moral dos seus filhos, assim como valorizam o bom empenho nos estudos seculares dos seus filhos.

O segredo de uma EBD dinâmica e eficaz depende, e muito, do aluno. O aluno dedicado, assíduo, pontual, responsável, vai à EBD com prazer e não simplesmente para “marcar o ponto” ou rever os amigos. Ele faz a lição de casa, lê a Bíblia e sua revista, anota suas dúvidas e vem disposto a colaborar seriamente na sala de aula.
É lamentável quando o aluno vai à escola dominical sem ter estudado durante a semana, sem sua Bíblia e/ou sem revista. O que dizemos do aluno que vai à escola sem levar livros ou caderno? Em contrapartida, o que dizer do aluno que pesquisa em casa sobre o assunto estudado em sala de aula, complementando seu estudo?
De uma coisa precisamos estar cientes: muito do bom desempenho do professor numa sala de aula depende de seus alunos. Quando o aluno não se prepara em casa, conforme já mencionamos acima, ele perde a oportunidade de contribuir com algo mais. Contribuindo, ganha a classe e o professor também. Muitos dos alunos que ficam calados durante a exposição do professor cometem o erro (para não dizer “pecado”) da negligência semanal, e os pais podem estimular seus filhos a serem melhores alunos.
A contribuição dos pais na educação cristã dos filhos deve ser inabalável e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. É importante que pais e professores, filhos/alunos compartilhem conhecimentos, alcancem e trabalhem os assuntos envolvidos no seu dia-a-dia, pois a família é o espaço adequado para se viver os valores aprendidos na EBD, entendendo-se que a potência da ação normalizadora da escola sobre crianças e adolescentes é maior quando respaldadas pela experiência e aceitação da família.
Geralmente as crianças não apreciam levantar cedo para ir à EBD. Boa parte delas já faz isso durante a semana. Porém, os pais devem ensinar aos filhos que a escola de domingo é muito especial. Erra o pai ou a mãe que acha que não deve levar sua criança à EBD apenas porque ela está cansada por estudar durante a semana, ou porque brincou demais no sábado ou foi dormir tarde por causa daquela festa na igreja. Esse é um tipo de compaixão que não edifica. É nessa hora que os pais, amigavelmente, devem mostrar aos filhos que a EBD é importante para toda a família.

Funções da escola nesta interação com a família:

1.       Conteúdo – A EBD provê o conteúdo que será ensinado, a grade disciplinar adequada a cada faixa etária, os materiais de apoio etc. Ela define os objetivos e a filosofia educacional: o que queremos alcançar com este ensino e por que.

2.       Método – Cabe também à escola determinar o método de ensino/aprendizagem a ser utilizado em sala de aula, para melhor absorção dos conteúdos. Para isso, os professores precisam ser constantemente orientados e estimulados a se aperfeiçoarem no seu trabalho.

É, portando, na escola, que se pensa sobre o que pode ser ensinado às crianças, sobre o método que pode tornar mais lógica a ação do conjunto docente e como a EBD poderá encontrar saídas legítimas à superação dos enigmas morais e éticos que assolam o seu dia-a-dia, pela aplicação da Palavra de Deus.

Contribuições da EBD para a Família

a)      Ensino transformador - A EBD leva aos seus alunos o ensino da Palavra de maneira eficiente, a fim de conduzi-los ao conhecimento da verdade e a experiências reais com Deus. Promove uma educação de aplicação transformadora, viva, não apenas teórica, pois está carregada de realidade e senso prático, que visa levar os alunos a uma mudança de comportamento para uma vida de temor, santidade e serviço cristão. A família é um lugar de aplicação e vivência do ensino da EBD.

b)      Desenvolvimento de amizades - A EBD é o espaço mais propício ao desenvolvimento de amizade e companheirismo cristãos, pois reúne os seus alunos conforme a faixa etária e propicia a interação entre eles. Existe uma classe para cada idade, e a família toda pode receber o conteúdo adequado para sua formação cristã. Alguns adolescentes se afastam do evangelho porque viram seus amigos de infância se distanciarem da fé. Daí a necessidade de incentivar as crianças a se entrosarem com outros coleguinhas da igreja. Essa troca fortalece a vida espiritual delas. Muitos pais saem da igreja correndo para casa e se esquecem de que os filhos precisam desenvolver essas amizades. Além disso, os pais precisam mostrar a alegria de estar na igreja para que os filhos desejem permanecer mais tempo ali.
  
c)       Ensino continuado - Há uma enorme e crescente necessidade de genuíno e sadio alimento espiritual que só pode ser obtido pelo estudo claro, metódico, continuado e progressivo da Palavra de Deus. A EBD é a própria igreja crescendo e desenvolvendo-se através do estudo da Palavra de Deus. Na EBD homens, mulheres, jovens, adolescentes e crianças adquirem uma fé mais robusta e madura, e, assim, estarão continuamente sendo preparados para desempenharem suas atividades na obra de Deus e a desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão.

d)      Evangelização - A EBD é um dos meios de evangelização que a igreja possui, ou seja, pode-se evangelizar na EBD e através dela. Além disso, nela o crente aprende a amar e cooperar com a obra missionária. É o ambiente propício para que a família traga convidados não cristãos para aprenderem a Palavra de Deus. A igreja pode ajudar criando uma classe de alunos não crentes, realizando feira missionária, etc.

e)      Descoberta de talentos - A EBD é o lugar para a descoberta, motivação e treinamento de novos talentos. Ali as crianças e adolescentes podem envolver em tarefas edificantes e, assim, desenvolverem seus diversos talentos: musicais, teatrais, organizacionais, etc. Grande parte dos adolescentes se afasta da fé porque não aprofundou suas habilidades dentro da igreja.

Papel da família na educação cristã

Psicólogos, educadores, pais e pastores concordam em um ponto: a formação do caráter começa na infância. “Até os sete anos, a criança está em formação da sua personalidade. A criança pequena é como uma esponja, pois absorve tudo o que lhe é ensinado. O que aprende nessa fase, ela vai levar para o resto da vida. Quanto mais cedo conviver com a ideia de Deus, certamente isso será apreendido de forma mais profunda”, explicou a psicóloga Elizabeth Pimentel, autora do livro “O Poder da Palavra dos Pais” (Editora Hagnos).
Os pais são os primeiros educadores na vida dos filhos. Assim como os filhos aprendem a falar com os pais, também aprendem códigos de conduta, a viver com limites, a respeitar e serem respeitados, a amar a Deus acima de todas as coisas, a ter um coração grato, a amar ao próximo, a ler a Bíblia, a orar, a obedecer. O problema é que os pais muitas vezes não ensinam os filhos “no” caminho em que devem andar, mas ensinam “o” caminho em que devem andar, e os próprios pais andam por outro caminho (Pv 22.6).
Crianças geralmente observam tudo e procuram verificar se aquilo que os pais dizem sobre religião e fé faz parte da experiência de vida deles. Se os pais estão dispostos a obedecerem àquilo que ensinam, então, são dignos de inteira confiança.
Cabe à igreja o papel de auxiliar e dar suporte à educação dos filhos de seus membros. Isto precisa ser realizado de forma criativa e contextualizado com o mundo atual, para atrair as crianças e os adolescentes às suas atividades e também englobar os pais, para que eles tenham ciência do que seus filhos estão aprendendo dentro da igreja e qual o papel destes na formação daqueles.
A igreja deve conscientizar a família que ela pode e deve complementar o ensino bíblico que a criança recebe na EBD, por meio de ações realizadas no âmbito do lar, como estas:

a)      Culto doméstico – A prática do culto doméstico promove a espiritualidade no lar.  Vivemos em um mundo globalizado, onde a individualidade, o materialismo-consumista tem ocupado a primazia no ambiente familiar, portanto valores espirituais são importantes na vida familiar. A igreja deve estimular e promover o culto doméstico como prática frequente entre seus membros.

b)      Dia de consagração – Família que ora unida vence unida. Um dia de consagração familiar tem o propósito de unir a família na oração e jejum. Este dia pode fazer parte do calendário da igreja.

c)       Desenvolvimento da leitura – Está mais do que comprovado que o indivíduo que lê frequentemente e com discernimento alcança amplos benefícios, entre eles, uma maior compreensão das verdades espirituais. A leitura é um processo pelo qual nós chegamos a entender as ideias de outra pessoa. Isso é provavelmente a forma mais eficiente de aumentar o que sabemos acerca da realidade e de como viver melhor.  A pessoa que aprendeu a ler bem não depende apenas de professores vivos para sua educação. O crescimento de sua mente, benfeitoria de sua sabedoria e seu comportamento não estão associados ao fato de estar ou não em uma escola, pois quase todos os maiores pensadores da história compartilharam sua sabedoria por escrito e em virtude desses grandes livros estarem quase todos disponíveis para a compra em lojas ou emprestados em bibliotecas, a pessoa que se treinou na leitura boa e ativa, que se preocupa em crescer em sabedoria, não depende exclusivamente de aulas com professores. Ao contrário, um bom leitor não está escravizado pela TV e internet. Este tal tem uma vida inteira de conhecimento à sua frente. É de máxima importância que os adolescentes e jovens parem de encher suas cabeças com o conteúdo superficial da TV e internet e comecem a formar o hábito da leitura ativa e frutífera. É uma decepção terrível que o aprendizado e o conhecimento mental estejam estritamente associados à escola. A boa leitura deve ser a vocação de uma vida inteira. A família deve esforçar-se para estimular seus membros à leitura de Bíblia, de bons livros evangélicos e de outros livros edificantes, muito úteis na formação de todos.
A igreja pode ajudar promovendo gincanas de leitura bíblica, incentivando a formação de clubes de leitura, criando bibliotecas, etc.

Conclusão

A EBD têm proporcionado muitas contribuições à família evangélica, auxiliando-a para que possa tornar os lares verdadeiros ambientes de saúde física, espiritual, psicológica e social. A educação é um esforço conjugado entre a família, escola e a igreja. O ensino aplicado e valorizado por todos tem o poder de guiar a criança por toda a vida.


Carlos Kleber Maia é casado com Dione e têm dois filhos: Álvaro e Diana. Pastoreia atualmente a congregação da Assembleia de Deus no bairro de Gramoré, em Natal/RN. É graduado em Teologia com Especialização em Teologia do Novo Testamento.

Um comentário:

Ev. Carlos Coelho disse...

Parabéns ao Pr. Kleber Maia pela brilhante iniciativa em escrever este artigo. Pensei em fazer isso, mas meus interesses foram perfeitamente contemplados nesta matéria.