quarta-feira, 31 de julho de 2013

As Virtudes dos Salvos em Cristo

AS VIRTUDES DOS SALVOS EM CRISTO

Quando lemos o texto de Filipenses 2.12,13, onde Paulo declara que os crentes devem operar a sua salvação, mas que Deus é quem opera o querer e o efetuar, devemos ter cuidado para não nos cairmos no extremismo. Se ressaltarmos apenas o verso 12, poderíamos pensar que a salvação é realizada unicamente por nossos esforços, o que é totalmente falso (este pensamento caracteriza o pelagianismo, que foi condenado como herege pela igreja). Se, por outro lado, enfatizarmos apenas o verso 13, poderíamos pensar que não devemos fazer absolutamente nada para sermos salvos e vivermos uma vida santa. Devemos esperar totalmente em Deus, que ele nos salve e nos mantenha longe do pecado.
O verdadeiro ensino de Paulo está no equilíbrio: A salvação vem de Deus, que dá ao homem a condição de crer em Jesus, não resistindo à graça divina, e a permanecer na fé, mas que este homem deve procurar viver uma vida de tal maneira que agrade a Deus. E a capacidade para isto vem da própria graça de Deus. Este é o ensino arminiano.
A Declaração Remonstrante, documento de origem do arminianismo declara nos seus pontos centrais: “Que o homem não podia obter a fá salvífica de si mesmo ou pela força de seu próprio livre arbítrio, mas necessitava da graça de Deus, através de Cristo, para ser renovado no pensamento e na vontade (Jo 15.5)”;
“Que esta graça foi o início, o desenvolvimento e conclusão da salvação do homem, de forma que ninguém poderia crer nem perseverar na fé sem esta graça cooperante, e consequentemente todas as boas obras devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo”;
“Que os verdadeiros cristãos tinham força suficiente, através da graça divina, para enfrentar Satanás, o pecado, o mundo, sua própria carne, e a todos vencer, mas que se por negligência eles pudessem apostatar da verdadeira fé, perder a felicidade de uma boa consciência e deixar esta graça, tal assunto deveria ser mais profundamente investigado de acordo com as Escrituras Sagradas”. (OLSON, Teologia Arminiana, pg. 41).
Armínio, na sua obra “Declaração de Sentimentos”, afirma: “Em seu estado pecaminoso e caído, o homem não é capaz, de e por si mesmo, quer seja pensar, querer ou fazer o que é, de fato, bom, mas é necessário que seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade e em todas as suas atribuições, por Deus em Cristo, através do Espírito Santo, para que seja capaz de corretamente compreender, estimar, considerar, desejar e realizar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito um participante dessa regeneração ou renovação, eu considero que, uma vez que ele é liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer o que é bom, mas entretanto, não sem a contínua ajuda da graça divina” (OLSON, Teologia Arminiana, pg. 53).
Então vemos que o arminianismo não crê num sinergismo onde o homem faz a sua parte e Deus a dele. Crê que Deus toma a iniciativa e dá ao homem toda a condição para crer, pela graça. O homem apenas não resiste à esta graça e aceita o que Deus lhe oferece, pela fé. O homem deve permanecer crendo em Cristo para sua salvação e, mesmo para o regenerado, a condição de permanecer vem da graça. A capacidade de aceitar a graça vem da própria graça divina.
Se acreditarmos que a capacidade de perseverar vem de nós, fruto da nossa disciplina, em “pagar o preço” na oração, estudo da Bíblia, jejum, etc, estamos caindo no pelagianismo e negando a plena necessidade da graça divina.
Não devemos entender que “a operação do Eterno habilita qualquer pessoa à salvação através da iluminação do Evangelho (Jo 1.9)” – ponto 3 da lição 5, como se toda a obra do Espírito Santo em nós fosse apenas a capacitação do nosso entendimento, mas que a vontade para fazer o bem é natural do homem, pois este ensino caracteriza o semipelagianismo, que também foi considerado herege pela igreja.
A obra do Espírito Santo é muito mais do que apenas no entendimento humano. Ele habilita o homem caído, pela graça divina, a ouvir, entender e aceitar o evangelho, dando-lhe a capacidade de não rejeitar a graça que lhe é oferecida.
No entanto, como esta graça, quanto à seu modo de operar, é resistível, há muitas exortações na Palavra, a que o homem não se afaste de Cristo, persevere crendo e prossiga para o alvo para o qual o Senhor nos chamou: Cristo.
Não devemos, pois entender que as virtudes dos salvos são qualidades morais naturais deles, ou o poder de fazer o bem que eles apresentam, mas que toda a virtude vem de Deus. É Ele, e apenas Ele que nos capacita a fazer o bem, pela graça, mesmo para os salvos.
                                                                                                                       Ev. Kleber Maia

Um comentário:

Sergio de Castro disse...

Irmão, gostei muito de seu comentário, pois vai me ajudar na aula da EBD. Parabén.