quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Subsídio para EBD

Subsídio para lições do primeiro trimestre de 2013 da EBD.


Precursores dos profetas

Há três precursores dos profetas: Moisés foi o “manancial da tradição profética” por sua relação especial como porta-voz de Deus e mediador entre Javé e Israel (Nm 12.6-8). Sua experiência no Sinai foi além da expe­riência profética normal, e ele se tornou o profeta escatológico, de acordo com Deuteronômio 18.15-22. Na verdade, há evidências das "ligações linguísticas, estruturais e temáticas entre Moisés e Isaías, por um lado, e Jeremias e Ezequiel, por outro". Samuel, em seguida, é o "modelo do papel profético", chamado em Atos 3.24 de o primeiro profeta (e em Atos 13.20 de o último dos juízes) e do "profeta de Javé" para a nação (1Sm 3.20). Assim, ele se coloca no ponto decisivo da progressão de juízes à monarquia e aos profetas. Desse modo, foi o "guardião da teocracia" em termos de manter a nação fiel a Deus. Por fim, Elias foi quem "modelou o curso dos profetas clássicos". Mesmo não tendo deixado um livro de profecias, ele estabeleceu o padrão para a profecia da destruição contra um povo idólatra e foi o pri­meiro dos "acusadores da aliança" contra o povo. John Eaton considera qua­tro coisas que contribuíram para a grandeza dos profetas hebraicos: (1) a crítica que eles faziam à sociedade; (2) as visões de salvação (um mundo novo e um governante messiânico); (3) a dedicação pessoal (viver completamente a serviço de Deus); e (4) a literatura (oferecendo não apenas a condenação, mas o sentido e a esperança). As grandes crises da nação geraram grandes profetas para satisfazer essas necessidades.

O chamado do profeta

O chamado do profeta pode ocorrer por meio de uma experiencia de revelação sobrenatural, como nos casos de Isaías (6.1-13) ou Jeremias (1.2-10); mas também pode ocorrer por meios naturais, por exemplo, quando Elias lançou o seu manto sobre Eliseu (1Rs 19.19-21), significando a transferência de autoridade e poder, e isso pode envolver também a unção (1Rs 19.16). Ao contrário do sacerdote ou do rei, o profeta jamais assumiu seu "ofício" de forma indireta, por herança, mas sempre de forma direta como resultado da vontade divina. O significado do chamado é sempre o mes­mo: os profetas não estão mais no controle de seu próprio destino, mas pertencem de forma absoluta a Javé. Eles não falam por si mesmos e nem mesmo podem querer proferir a mensagem (ver Jr 20.7-18), mas estão sob o domínio de Javé, chamados para proferir a mensagem divina ao povo.
Muitas vezes Deus usou uma ação simbólica para fazer chegar a verdade ao profeta. Isaías foi tocado na boca com uma brasa viva, o que significava a purifica­ção de sua mensagem (Is 6.7). Ezequiel recebeu a ordem de comer um rolo que "era doce como o mel" (Ez 3.3), o que significava a alegria de comunicar as palavras de Deus. No entanto, a principal ênfase é o envolvimento direto de Deus e a natureza reveladora da mensagem do profeta. Dois gêneros do at dependem de um sentido de revelação divina direta: a Torá (a lei ou partes legais do Pentateuco) e os profetas (o apocalíptico no at é um subgénero de profecia). Esses são os únicos gêneros do at com um sentido tão direto de autoridade. A questão da autoridade é importante na hermenêutica, e os profetas dão a interpretação crucial para tais discussões. Sobre o profeta "veio o Espírito de Deus" (2Cr 15.1; 20.14; 24.20; Is 61.1; Ez 2.2; Jl 2.28). Esse sentido de inspiração divina estava na base da autoridade profética.

Extraído de “A Espiral Hermenêutica”, de Grant R. Osborne (Ed. Vida Nova), páginas 331,332.

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